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Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si sómente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,
Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.
Luís Vaz de Camões
Que dizer?! O inesquecível Camões estará sempre dentro de nós.
ResponderEliminarAté os velhos do Restelo se lembrarão, mesmo que não queiram.
Romeiro
Está muito "amorosa"...
ResponderEliminarPermita-me esta...
Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura:
Vai formosa e não segura.
Se tivesse umas chinelas
iria melhor...; mas não:
com dinheiro das chinelas
compra um pouco mais de pão.
Virá o dia em que os pés
não sintam a terra dura?
Leonor sonha de mais:
vai formosa e não segura.
Formosa! Não vale a pena
ter nos olhos uma aurora
quando na vida – que vida! –
o sol se foi embora.
Se os filhos se alimentassem
com a sua formosura...
Leonor pensa de mais:
vai formosa e não segura.
Há verduras pelos prados,
há verduras no caminho;
no olmo de ao pé da fonte
canta, livre, um passarinho,
Mas ela não canta, não,
que a voz perdeu a doçura.
Leonor sofre de mais:
vai formosa e não segura.
Porque sofre? Nunca soube
nem saberá a razão.
Vai encher a talha de água,
só não enche o coração.
Virá um dia... virá...
Os olhos voam na altura
Leonor não anda: sonha.
Vai formosa e não segura.
;)
Ou então este, um pouco mais divertido:
ResponderEliminarVoando vai para a praia
Leonor na estrada preta.
Vai na brasa, de lambreta.
Leva calções de pirata,
vermelho de alizarina,
modelando a coxa fina,
de impaciente nervura.
como guache lustroso,
amarelo de idantreno,
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
Fuge, fuge, Leonoreta:
Vai na brasa, de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pela cintura.
Vai ditosa e bem segura.
Com um rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que se enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta,
lembra um demónio com asas.
Na confusão dos sentidos
já nem percebe Leonor
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa, de lambreta.
:P
Olá “Romeiro”!
ResponderEliminarCom que então madrugou …
Sim, os velhos do Restelo, esses pessimistas, conservadores, … ainda os encontro aos “magotes” e não só no “Restelo”.
Quanto a termos o Camões dentro de nós … bem me parecia que a culpa, das minhas calças encolherem, não era só da máquina de lavar :P
Olá, gente boa!
ResponderEliminarNão “estou amorosa”, eu sou amorosa … às vezes ; )
Também gosto desse poema, mas tentei escolher uns “menos conhecidos”.
Ai ai … gosto mais desta segunda versão, além de ser divertida, adoro o nome Leonor e lambretas :P
ResponderEliminarA Palmira tem horror
ResponderEliminarA filetes de palmeta
Gosta do nome "Leonor"
e adora andar de lambreta!
;)
Nunca provei filetes de palmeta, o mais parecido que conheço é o linguado.
ResponderEliminarQue bela quadra!
Muito obrigada por este miminho : )
De nada...sempre às ordens de "Vocelência"!
ResponderEliminar:D
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